Notícias Empresariais

Poupança teve 2ª melhor captação em 2009

Bom resultado não significou queda nos fundos de investimento, que alcançaram patrimônio recorde

Os depósitos na caderneta de poupança superaram os saques em R$ 30,4 bilhões no ano passado, segundo dados do Banco Central. É o segundo maior volume da série histórica iniciada em 1995, atrás apenas do recorde de 2007 (R$ 33,4 bilhões).
A injeção de novos recursos significou, principalmente, mais dinheiro para financiamento habitacional e ocorreu apesar da crise, da rentabilidade menor e da tentativa do governo de taxar essas aplicações.
A captação da caderneta no ano passado acompanhou o comportamento da economia brasileira e deve repetir esse movimento em 2010. No começo do ano, marcado pela recessão, houve saída de recursos. Em maio, os resultados voltaram a ficar positivos, até atingirem em dezembro a maior captação mensal em 15 anos, com mais de R$ 9 bilhões.
Apesar dessa recuperação, a poupança fechou 2009 com queda de 10% no volume de depósitos e só registrou captação positiva porque o volume de saques caiu ainda mais.
Além da perda de recursos registrada até abril, a poupança foi afetada pela queda nas taxas de juros e registrou em 2009 a pior rentabilidade dos últimos anos, 6,9%, ante 7,9% em 2008.
O temor de que grandes investidores abandonassem essas aplicações levou o Ministério da Fazenda a elaborar, no ano passado, dois projetos para cobrar IR sobre os rendimentos da poupança, que hoje conta com isenção tributária.
Além disso, o BC criticava o fato de o rendimento da poupança, tabelado em TR (Taxa Referencial) mais 6% ao ano, funcionar como um piso para a queda da taxa básica de juros, hoje em 8,75% ao ano. Como os juros pararam de cair e a ideia da tributação foi mal recebida pelo Congresso, o governo engavetou as propostas.

Fundos

O aumento da captação da poupança não derrubou o patrimônio dos fundos, como se temia. Após a perda recorde de recursos em 2008, os fundos de investimento tiveram captação líquida de R$ 87,63 bilhões em 2009 e fecharam o ano com entrada inédita de capital. Consequentemente, o patrimônio desse mercado atingiu patamar histórico, de R$ 1,41 trilhão.
O levantamento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostrou que os fundos multimercados foram os grandes captadores de recursos de 2009, ao registrarem entrada positiva de R$ 35,61 bilhões.
Dentre as maiores categorias do mercado, apenas os fundos DI terminaram o ano com saída líquida de recursos. O DI, que segue de perto as oscilações da taxa básica Selic, terminou o ano com saída líquida de R$ 5,16 bilhões. Ou seja, os investidores mais sacaram do que aplicaram recursos nesse tipo de fundo em 2009.
A queda da Selic, que recuou de 13,75% para 8,75% em 2009, prejudicou a rentabilidade do DI, motivando os saques pesados. A categoria rendeu, na média, 10,21% em 2009.
Já os fundos de renda fixa, que também pagam juros, conseguiram atrair R$ 9,58 bilhões. Na média, a renda fixa deu rentabilidade de 10,48%.
Os fundos de ações, apesar da valorização de 82,7% registrada pela Bolsa no ano, acabaram por não ter aplicações tão expressivas, como alguns analistas esperavam. A categoria encerrou com captação positiva de R$ 805,4 milhões.
"É importante lembrar que houve recuperação do emprego e da renda, o que favoreceu a ida de mais recursos para os fundos", diz o professor e educador financeiro Mauro Calil.

Compartilhar