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Poupança deve ser usada para pagar à vista IPVA e IPTU

IPVA, IPTU e material escolar sem entrar no vermelho

Passada a euforia das festas de fim de ano, é hora de avaliar o tamanho da fatura do cartão de crédito de dezembro e lidar com a ressaca dos gastos. Quem cumpriu as promessas do réveillon anterior — de se organizar financeiramente — deve ter separado uma parcela do décimo terceiro salário para pagar impostos, como IPTU, IPVA, e as compras de material escolar, gastos que se concentram neste início de ano. Do contrário, ainda é tempo de pensar em estratégias para não entrar em 2010 no vermelho.

Uma das recomendações de especialistas é aproveitar o parcelamento dos impostos.

A prefeitura do Rio anunciou que o IPTU poderá ser pago à vista, com desconto de 7%, ou parcelado em até dez vezes. Já o IPVA, segundo o governo do estado, poderá ser pago à vista, com desconto de 10%, ou em três vezes. O consultor financeiro e professor do Ibmec-Rio, Gilberto Braga, lembra que, se o contribuinte tiver algum dinheiro guardado na poupança, vale a pena resgatar e quitar os impostos à vista, com desconto: — O valor dos abatimentos é maior que o rendimento da poupança. Mas nem sempre a mesma lógica serve para empréstimos ou linhas de financiamento dos bancos. Para se ter uma ideia, o desconto dado no pagamento à vista dos impostos equivale aos juros de um mês no cheque especial.

Pais podem se juntar para comprar material escolar

Na compra do material escolar, algumas práticas garantem economia. O professor de Finanças da FGV-SP e da PUCSP Fabio Gallo Garcia diz que o ideal é os pais de alunos se juntarem para comprar livros diretamente da editora ou de lojas atacadistas, com descontos maiores que nas livrarias.

—Além disso, é saudável financeiramente que um irmão mais novo herde os materiais escolares dos mais velhos que puderem ser reaproveitados.

E, na hora das compras, coisas como borrachas, lápis e canetas chegam a ter diferença de 250% de preço entre os diferentes estabelecimentos — lembra, recomendando uma ampla pesquisa de preços.

A assistente de direção do Procon de São Paulo, Valéria Cunha, destaca que as escolas são proibidas de restringir o local de compra do material.

Ela também recomenda uma boa pesquisa. Levantamentos recentes do Procon mostraram que os preços de réguas e canetas de uma mesma marca, por exemplo, variam em até 100% em São Paulo.

Gilberto Braga acha que a diferença entre livrarias é pequena.

Ele sugere que o consumidor vá em busca de melhores condições de pagamento, seja à vista (com desconto) ou a prazo. A internet também é uma boa alternativa, especialmente para livros de leitura extensiva.

— A vantagem da internet é que a reposição é mais rápida.

A dica serve para quem deixa para comprar em cima do laço e se depara com a falta de alguns itens em livrarias — ensina.

Outra dica, que precisa ser negociada com as crianças, é evitar os modismos, como mochilas de personagens de desenhos animados, que chegam a ser mais de 30% mais caras que uma similar sem desenhos, calcula Fabio Gallo. E a qualidade é, muitas vezes, questionável.

— Deve-se evitar o tênis ou a mochila da moda — diz o professor, lembrando que a tendência passa e, dificilmente, a criança vai querer usar aquele material no ano seguinte.

Braga, do Ibmec, lembra que algumas escolas já começaram a anunciar reajustes, de 5% a 10%.

— Não existe justificativa, porque a inflação não está nestes patamares. Como os professores também não tiveram aumentos vultosos, isso sugere elevação de margens. Então, há espaço para negociar na matrícula — diz.

Boas notas e mais de um filho garantem desconto

Braga lembra que, para quem tem mais de um filho na mesma escola — ou uma criança com boas notas —, ganhar um desconto torna-se mais fácil.

— Antigamente, era lei o abatimento de 10% para cada filho adicional. A maioria das escolas mantém isso como política empresarial — lembra.

Com três filhos — incluindo um bebê de um ano —, o publicitário Gustavo Bastos, sócio da agência 11/21, começou a se programar em agosto de 2009.

— A gente se planeja desde agosto para chegar em janeiro com dinheiro para encarar as contas. Às vezes, tento antecipar a matrícula dos meus filhos no colégio e peço descontos.

Até mesmo as compras de Natal são antecipadas, pois vou aproveitando as promoções — ensina. — O pior das despesas de início de ano é que elas vêm logo depois das despesas de fim de ano.

 

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